
Quantos gramas de gordura por kg são recomendados para uma saúde ideal

A ingestão diária de gorduras é um tema comum não apenas entre atletas, mas também entre pessoas que buscam viver de forma mais saudável, perder peso ou, pelo contrário, ganhar massa muscular. A recomendação simples de que "gorduras são ruins" já não é válida hoje em dia – a ciência da nutrição avançou e mostra que a quantidade e o tipo corretos de gordura desempenham um papel crucial para nossa saúde. Mas quanto de gordura deveríamos realmente consumir diariamente? E como calcular isso por quilo de peso corporal?
Quanto de gordura por dia é o ideal?
Especialistas recomendam que as gorduras componham aproximadamente 20–35% da ingestão energética diária total. No entanto, na prática, trabalhar com esse número pode ser difícil, especialmente se você não conta calorias ou não está familiarizado com tabelas nutricionais. Por isso, muitas vezes é utilizada a abordagem baseada no peso corporal – ou seja, uma certa quantidade de gramas de gordura por cada quilo de peso.
Para a maioria dos adultos, considera-se uma quantidade razoável de 0,8 a 1,2 gramas de gordura por quilo de peso corporal. Isso significa que, por exemplo, uma pessoa com 70 kg deveria ingerir cerca de 56 a 84 gramas de gordura por dia. Embora possa parecer muito, na verdade essa quantidade corresponde a uma dieta normal que inclui, por exemplo, azeite, nozes, abacate ou peixes gordos.
No entanto, esse dado não é uma regra rígida. Depende de muitos fatores – atividade física, idade, sexo, condição de saúde, objetivos (como redução de peso versus ganho de massa muscular) e também do tipo de gordura consumida.
Nem toda gordura é igual
Quando falamos sobre a ingestão diária de gorduras, não importa apenas quanto consumimos, mas principalmente quais tipos de gorduras colocamos no prato. As gorduras não são todas iguais, e sua composição faz uma grande diferença – não apenas para nossa forma física, mas também para o coração, cérebro e saúde geral. Os especialistas geralmente concordam em três categorias principais.
A primeira são as gorduras saturadas, encontradas principalmente em alimentos de origem animal, como manteiga, banha, carne gorda ou em alguns óleos exóticos, como o de coco e o de palma. Devemos monitorar essas gorduras e preferencialmente não ultrapassar o limite de 10% da ingestão energética diária total. Em seguida, há as chamadas gorduras "boas" – gorduras insaturadas. Estas são encontradas em óleos vegetais, abacate, nozes, sementes ou peixes, e são absolutamente essenciais para nós. Ajudam a reduzir o nível de colesterol ruim, apoiam a atividade cerebral e, em geral, fazem bem ao nosso corpo.
Por fim, temos o terceiro grupo – gorduras trans, o maior vilão entre as gorduras. Elas são principalmente formadas por processamento industrial, aparecem em diversos doces, alimentos processados ou margarinas, e devemos eliminá-las da dieta o máximo possível, idealmente até zero. Em suma – nem toda gordura é ruim, mas saber qual escolher e qual evitar é crucial.
Em outras palavras, não importa apenas quanto, mas principalmente quais gorduras consumimos. Podemos dar o exemplo de duas pessoas que consomem 80 gramas de gordura diariamente – uma na forma de óleo de peixe, sementes de linho e amêndoas, outra de fast food e doces. O efeito resultante no corpo será completamente diferente.
Gorduras como combustível, bloco de construção e motor hormonal
Por que as gorduras são importantes? Uma verdade frequentemente negligenciada é que as gorduras não são apenas uma fonte de energia. Elas desempenham um papel insubstituível em muitos processos vitais. As gorduras são essenciais para:
- produção de hormônios – incluindo hormônios sexuais como estrogênio e testosterona,
- saúde do sistema nervoso – o cérebro é em grande parte composto por estruturas de gordura,
- absorção de vitaminas – vitaminas A, D, E e K são solúveis em gorduras,
- proteção dos órgãos internos – o tecido adiposo protege os órgãos contra danos mecânicos e serve como reserva de energia.
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A falta de gorduras na dieta pode levar a problemas de concentração, mudanças de humor, perda de menstruação em mulheres ou enfraquecimento do sistema imunológico. Um estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition até associa a ingestão extremamente baixa de gorduras a um risco maior de estados depressivos.
Ingestão diária de gorduras na prática
Vamos imaginar Lucie, uma mulher de trinta e três anos que pesa 65 kg, pratica ioga regularmente e corre. Ela gostaria de manter um peso saudável e apoiar a função hormonal adequada. De acordo com a fórmula de 1 grama de gordura por quilo de peso corporal, ela deveria consumir cerca de 65 gramas de gordura diariamente.
Como isso pode parecer na vida real? Talvez assim: de manhã, você toma um café da manhã simples, mas nutritivo — mingau de aveia com uma colher de manteiga de amendoim e um pouco de sementes de linhaça, obtendo cerca de 10 gramas de gordura de qualidade. Para o almoço, algo mais substancial, como um pedaço de salmão assado, quinoa como fonte de proteínas e carboidratos, e vegetais regados com azeite — totalizando cerca de 25 gramas de gordura, sem se sentir inchado.
À noite, algo idealmente mais leve, mas ainda nutritivo — uma salada de grão-de-bico com pedaços de abacate e algumas sementes de abóbora será um deleite não apenas para as papilas gustativas, mas também adicionará mais 20 gramas de gordura. E quando sentir fome entre as refeições, opte por algo pequeno, mas nutritivo, como um punhado de nozes ou iogurte natural com sementes de chia, o que adiciona mais cerca de 10 gramas. No final, a gordura se distribui naturalmente ao longo do dia, sem a necessidade de monitorá-la ou limitá-la de forma complicada.
Embora o cardápio contenha uma quantidade considerável de gorduras, todas vêm de fontes de qualidade e naturais. E o mais importante – as gorduras não são amigas nem inimigas, mas uma ferramenta que pode ser usada com inteligência.
E se eu quiser perder peso – devo limitar as gorduras?
Um dos mitos mais comuns é que as gorduras retardam a perda de peso. Na verdade, um consumo moderado de gorduras de qualidade pode ajudar na redução de peso. As gorduras retardam a digestão, aumentam a sensação de saciedade e ajudam a manter níveis estáveis de açúcar no sangue. Além disso, se você remover as gorduras da dieta, muitas vezes as substitui por açúcares ou calorias vazias, o que pode levar ao efeito oposto.
Em uma dieta de redução, recomenda-se não baixar de 0,6 gramas de gordura por quilo de peso corporal. Este limite é considerado mínimo para manter o equilíbrio hormonal e a saúde. Se a pessoa treina intensamente, deve manter pelo menos 0,8 g/kg, mesmo em uma dieta de baixa caloria.
Gorduras à luz das tendências atuais
Nos últimos anos, surgiram várias abordagens alimentares – desde low-fat até keto e alimentação intuitiva. Cada uma aborda as gorduras de forma diferente. Na dieta keto, as gorduras compõem até 70% da ingestão energética total, enquanto em algumas dietas antigas de baixo teor de gordura, é considerado ideal quase eliminar as gorduras.
A ciência moderna da nutrição está cada vez mais reconhecendo que não existe uma solução única para todos. Como diz a especialista em nutrição Dra. Rhonda Patrick: "A abordagem individual à nutrição é a chave para a saúde – e isso também se aplica às gorduras." Em outras palavras, não devemos procurar a dieta perfeita, mas buscar o equilíbrio que funciona para o corpo, estilo de vida e necessidades específicos.
O que levar disso?
A ingestão diária de gorduras por quilo de peso corporal é um guia prático que permite adaptar a dieta de forma individual. Para a maioria das pessoas, o intervalo é de 0,8 a 1,2 gramas de gordura por kg de peso, com ênfase em fontes de qualidade e naturais. Não faz sentido ter medo das gorduras – nem exagerar. Muito mais importante é saber qual gordura estamos consumindo, por que a estamos consumindo e como nos sentimos após consumi-la.
Então, da próxima vez que estiver ajustando seu cardápio, não se esqueça: a gordura é importante – e pode ser saborosa. Basta escolher corretamente.