
Sintomas do excesso de proteínas que podem surpreendê-lo

Sinais discretos de excesso de proteínas
As proteínas são componentes fundamentais do corpo. Elas são essenciais para a renovação dos tecidos, crescimento muscular, produção de enzimas e hormônios. Nos últimos anos, no entanto, seu papel na dieta começou a ganhar destaque talvez até demais. A cultura fitness, dietas de baixo carboidrato ou a busca por uma rápida perda de peso levam muitas pessoas a consumir proteínas em grandes quantidades – e frequentemente sem orientação profissional. No entanto, assim como a deficiência é perigosa, o excesso de proteínas pode prejudicar o corpo.
Embora seja comum ouvir conselhos como "mais proteínas para mais músculos", poucos mencionam que o excesso de proteína não se manifesta imediatamente e seus sintomas costumam ser discretos. O corpo é capaz de se adaptar até certo ponto, mas se o sobrecarregamos com uma dieta unilateral ou desequilibrada por muito tempo, mais cedo ou mais tarde ele começará a dar sinais.
O que acontece no corpo quando você consome muitas proteínas?
Quando o corpo recebe mais proteínas do que realmente necessita, ele precisa lidar com esse excesso de alguma forma. As proteínas não são armazenadas no corpo como reserva – ao contrário de gorduras ou carboidratos. Portanto, o excesso precisa ser quebrado de maneira complexa. Este processo sobrecarrega principalmente o fígado e os rins, pois eles são responsáveis pela eliminação do nitrogênio, que surge durante a decomposição dos aminoácidos.
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O organismo opera em alta capacidade para eliminar algo que, embora não seja tóxico em pequenas quantidades, deixa de ser saudável em grandes quantidades. Não é tão simples – depende muito da origem das proteínas, como são processadas e se a dieta é equilibrada em outros nutrientes.
Como reconhecer o excesso de proteínas
Os sintomas de que o corpo está sobrecarregado de proteínas podem se manifestar de diferentes maneiras – alguns são facilmente ignorados ou atribuídos a outras causas. Aqui estão alguns sinais de alerta que não devem ser ignorados:
- Fadiga e irritabilidade – Paradoxalmente, embora as pessoas muitas vezes acreditem que mais proteínas significam mais energia, na prática pode ocorrer o oposto. O excesso de proteína acompanhado pela redução do consumo de carboidratos pode levar a uma diminuição dos níveis de glicose no sangue, causando fadiga, mau humor e dificuldade de concentração.
- Mau hálito – Dietas cetogênicas ou muito baixas em carboidratos, que geralmente são ricas em proteínas, podem induzir um estado de cetose. Um dos sintomas é o mau hálito, que se assemelha a frutas ou acetona. Este odor não desaparece mesmo com higiene bucal rigorosa.
- Constipação ou, por outro lado, diarreia – Se as proteínas substituírem a fibra (por exemplo, vegetais, frutas, produtos integrais), podem ocorrer problemas digestivos. Um dos efeitos mais comuns é a constipação. Em algumas pessoas, ocorre o oposto, com diarreia, especialmente se as proteínas forem consumidas principalmente de produtos lácteos, que podem irritar o intestino.
- Aumento da transpiração e odor corporal desagradável – A digestão de proteínas é mais energética do que a de outros macronutrientes, o que leva ao aumento da temperatura corporal. O corpo transpira mais, e como alguns subprodutos do metabolismo das proteínas são excretados pelo suor, pode surgir um odor específico e picante.
- Dores de cabeça e articulações – Um maior consumo de proteínas pode aumentar os níveis de ácido úrico no sangue, o que está associado a dores nas articulações ou até mesmo gota. Se as dores surgirem sem causa aparente, é aconselhável considerar também a influência da dieta.
- Aumento da sede e micção frequente – O corpo precisa de mais água para quebrar e eliminar o excesso de nitrogênio. Portanto, o aumento do consumo de proteínas pode estar associado a mais sede, micção frequente e, em casos extremos, desidratação.
Na vida real, esses sintomas costumam ocorrer simultaneamente. Por exemplo, uma atleta que tenta ganhar músculos e ao mesmo tempo segue uma dieta baixa em carboidratos baseada em queijo cottage, frango e shakes de proteína pode, após algumas semanas, começar a sofrer de constipação, fadiga e dores de cabeça. Antes de perceber que o problema está no desequilíbrio dos nutrientes, muitas vezes passam-se meses.
Quanto de proteína é demais?
A ingestão diária recomendada de proteínas para um adulto médio é de cerca de 0,8 gramas por quilograma de peso corporal. Para atletas ou pessoas em condições específicas (por exemplo, convalescença), esse valor pode ser maior – até 1,6 ou excepcionalmente 2 gramas por quilograma. No entanto, muitas pessoas hoje em dia consomem regularmente 3–4 gramas por quilograma – e muitas vezes sem perceber.
Por exemplo, um bife de 100 gramas, iogurte, ovo e shake de proteína podem totalizar até 100 gramas de proteínas – e isso já é o dobro da dose diária recomendada para uma pessoa de 60 kg.
Além disso, é importante distinguir a qualidade e a origem das proteínas. Diversos estudos mostram que proteínas vegetais (por exemplo, de leguminosas, nozes, sementes ou grãos integrais) têm efeitos diferentes no corpo do que as de origem animal. Enquanto as proteínas vegetais estão associadas a um menor risco de doenças cardiovasculares, em dietas com excesso de produtos de origem animal (especialmente carne vermelha e embutidos), são mais comuns processos inflamatórios e maior sobrecarga renal.
Abordagem sustentável às proteínas
Nos dias de hoje, em que a dieta é frequentemente influenciada por tendências da moda e marketing de suplementos alimentares, é fácil cair em uma visão unilateral. Uma quantidade saudável de proteínas deve ser parte de uma dieta variada e equilibrada, e não o foco principal. A diversidade nas fontes de proteínas não só apoia a saúde do microbioma intestinal, mas também reduz o risco de sobrecarga do organismo.
O modo de preparo dos alimentos também desempenha um papel crucial – em vez de carnes fritas ou barras de proteína industrializadas, é melhor optar por alimentos naturais e preparados de forma suave. Por exemplo, lentilhas, tempeh fermentado, nozes, sementes ou alternativas vegetais de qualidade são excelentes fontes de proteínas que também promovem a sustentabilidade e preservam o planeta.
Como a especialista em nutrição Marion Nestle diz: “A saúde não se trata de consumir um único superalimento, mas do quadro geral das nossas escolhas diárias."
Essa abordagem – sustentabilidade, diversidade e moderação – pode ser a chave para um relacionamento saudável não apenas com as proteínas, mas com a nutrição em geral. As refeições não devem ser apenas nutricionalmente benéficas, mas também prazerosas. E se surgirem problemas de saúde inexplicáveis, pode valer a pena considerar a questão: será que não estou consumindo proteínas demais na minha dieta?